Transtorno do espectro autista (TEA) e agora?

 

          Falar sobre o TEA (Transtorno do espectro autista) requer entender um pouco o que é esta patologia, neste artigo vamos trazer informações extremamente diretas e úteis para você. Desta vez não vou adentrar no contexto histórico e falar sobre as mudanças na nomenclatura ao longo do tempo. Vamos de forma direta nas questões que envolve aspectos emocionais e toda dinâmica familiar de enfrentamento e como a psicologia pode ser um apoio totalmente fundamental e importantíssimo neste processo. Falar sobre autismo requer vários artigos diante da dinâmica e complexidade e vastidão do assunto, portanto certamente termos um segundo ou terceiro artigo para tirar mais dúvidas em outro momento.

O que é o autismo?

          A palavra autismo tem origem grega “autós” que significa “si mesmo” estima-se que no Brasil, com seus 250 milhões de habitantes, possua cerca de mais de 2 milhões de autistas. Porém não temos como afirmar com precisão estes dado devido à falta de um estudo sistemático ou seja. Não existe prevalência no Brasil com relação ao autismo o que temos foi um trabalho/ estudo piloto em 2011 que precisa ser aprofundado sistematicamente. Alguns estudos apontam que o TEA tem maior prevalência em indivíduos do sexo masculino do que no feminino com uma proporção de 4 para 1, no entanto quando o sexo feminino apresenta os sintomas costumam ser mais severos. O TEA pode ser definido como um transtorno do neurodesenvolvimento marcado por 3 características: a) déficit na comunicação e interação social; b) comportamentos, atividade ou interesses restritos e repetitivos; e c) sintomas que causam prejuízo significativo no funcionamento social.

As evidências científicas disponíveis indicam a existência de múltiplos fatores, incluindo fatores genéticos e ambientais, que tornam mais provável que uma criança possa sofrer um TEA.

Sobre a Família e Autismo 

          É inegável que o surgimento dos primeiros sintomas promova perturbação na família, de forma que o impacto é tão grande que a família sai da sua normalidade gerando um desequilíbrio emocional, fugindo desse diagnóstico e afetando a possibilidade de intervenção e tratamento que ajudaria no processo do desenvolvimento infantil. Uma família com um de seus membros acometidos pelo TEA atravessa desafios significativos, tais como: a busca pelo diagnóstico, o confronto com o diagnóstico, aprender sobre o autismo, a procura por serviços, alterações nos papéis familiares, aprender os desafios específicos de cada criança, a resposta da comunidade e a estigmatização, ônus financeiro e demandas por defensoria.

        Os desafios que as famílias enfrentam são diversos e modificam à medida que a criança amadurece. Ás vezes com a confirmação do autismo irá gerar conflitos entre o casal e família e outras vezes será motivo de união porque agora existe um fator motivacional principal o bem-estar e a atenção será votada para esta criança que agora ela é o foco principal. Esta família passará a conhecer de perto o mundo social de outras famílias que já lidam com o transtorno e verá que é possível enfrentar os desafios de forma otimista e com motivação.

Como ter certeza que meu filho tem autismo?

          Conforme estudos mais atuais, existe a possibilidade perceber alguns indícios desde 12 meses de idade, no entanto, é a partir dos 24 meses que o surgimento ou ausência da linguagem a falta de interesse pelo contato são mais significativos na formulação de uma hipótese diagnóstica na direção do TEA. O diagnóstico do autismo é realizado através de instrumentos validados a partir de três anos de idade, no entanto “é possível diagnosticar crianças com idades entre 12 e 24 meses ou até mesmo mais novas.

         Com relação ao diagnostico e a importancia de levar para um profissonal de psicologia existe vários por várias razões a questão do diagnóstico é bem complexa e nada pode passar despercebido. A contribuição do psicólogo no diagnóstico implica no que tange reconhecer e distinguir os comportamentos que contrapõe a uma possível situação de “anormalidade”, e sua colaboração no processo de diagnóstico e intervenção vai muito além de uma elaboração ou fechamento de diagnóstico o alcance do psicólogo está pautado em fazer uma aproximação entre a família e todo processo de cuidado com a criança, também mostrando alguns protocolos de tratamento.

 

Tenho o diagnostico fechado e agora?

         Ok. Agora é o momento que a família juntamente com o profissional irá avaliar as possibilidades de tratamento e observar qual é a demanda, o grau do autismo e suas necessidades a ser trabalhadas, entendendo sempre que a intervenção precoce fará toda diferença para promover melhor qualidade de vida e desenvolvimento das competências e habilidades deficitárias, nas últimas décadas esse campo tem ampliado, tornando-se um serviço prioritário O psicólogo estruturar e traçar estratégias para aprimorar as diversas áreas afetadas como as áreas afetivo, perceptivo, motor e cognitivo portanto não hesite em procurar um profissional que tenha familiaridade com esta demanda.

Quais os tratamentos?

      Atualmente há diversos tratamentos disponíveis que a literatura científica aponta ser eficaz no tratamento e intervenção. Há, pelo menos, duas perspectivas de intervenção precoce: a comportamental e a desenvolvimentista. A primeira é mais estruturada e direcionada pelo adulto (instrutor), o objetivo é a aprendizagem por meio do reforço positivo, enquanto que a desenvolvimentista é mais interativa e espontânea, conduzida de maneira mais naturalista, onde o foco é promover o desenvolvimento através da interação, resultado da conexão afetiva e relação. Vários profissionais atuam diante da demanda de um indivíduo com TEA, ou seja, será assistida por uma equipe multidisciplinar muitas vezes composta por estes profissionais: (psicólogo, fonoaudiólogo, fisioterapeuta, terapeuta ocupacional, nutricionista, psiquiatra, educador físico e neuropediatra) podendo ser modificada conforme a necessidade.

Segue alguns tratamentos e metodologias que podemos citar, estas são algumas dentre várias aqui vamos a falar superficialmente sobre cada um destes:

  • (ABA) Análise do Comportamento Aplicada treinamento. Este é um dos métodos mais utilizado na atualidade ele trabalhar os déficits, identificando os comportamentos que a criança tem, dificuldades ou até inabilidades e que prejudicam sua vida e suas aprendizagens. Dentre outras vantagens deste tratamento.
  • (PECS) Picture Exchange Communication System. É um dos programas mais conhecidos de sistemas visuais, está baseado em ensinar o indivíduo com déficit no repertório verbal de comunicação, sendo um sistema de comunicação alternativa muito utilizado com crianças com autismo e com retardo no desenvolvimento da fala
  • (ESDM) Mais conhecido como “MÉTODO DENVER”. Ênfase nos domínios de comunicação, coordenação motora fina e grossa, comportamento adaptativo, competência de jogos e sensoriais e treino parental.
  • DIR/FLOORTIME. É um modelo baseado no desenvolvimento da criança, diferenças individuais e relacionamento. O desenvolvimento infantil é instituído em níveis de desenvolvimento funcional e emocional, no qual a criança autista percorre. São eles: Auto-regulação, Engajamento e relacionamento; Comunicação intencional existe um total de nove pilares desta metodologia
  • (SRP) PROGRAMA SON RISE. É um dos programas de caráter desenvolvimentista que “tem por objetivo favorecer o desenvolvimento da linguagem e habilidades de comunicação funcional em ambientes naturais foca em quatro dimensões contato visual, comunicação, flexibilidade e atenção compartilhada, é uma abordagem interrelacional que utiliza a ludicidade e a diversão.

           Obs. Esses são apenas alguns, de uma variedade muito grande mesmo porque ainda hoje não existe um tratamento que sirva de forma universal para todas as pessoas. Com o autismo é sempre uma questão de adaptação, alguns terão respostas maravilhosas com um determinado tratamento outros terão que alternar até encontrar uma técnica que ajude no desenvolvimento. Em alguns casos também será necessário um tratamento paralelo medicamentoso. Gente por favor entendam falei apenas alguns tenho que enfatizar e poderia aqui citar muitos e muitos, porém aqui estamos falando em intervenção precoce e seus benefícios, com o passar do tempo outras técnicas podem ser adicionadas como: Equoterapia que é muito bacana. E outras no próximo artigo no falaremos de forma mais sistemático e abrangente sobre metodologias precoce e intermediaria.

                                     Sobre a superação do autismo.

Vale salientar que é importante considerarmos que cada sujeito é tão singular e suas experiências são vivenciadas de maneira tão única, que não podemos carrega-los de nossas expectativas. Em suma é a través de muita dedicação que será possível dar a esta criança várias oportunidades de uma possível dependência.  Um dos objetivos do psicólogo é traçar metas, trazendo a melhor prática adaptativa para o indivíduo, sempre fundamentado no desenvolvimento e qualidade de vida da criança.

Além disso, sua prática está pautada na promoção individual e coletiva de bem-estar, entendemos que o ser humano é visto por completo como um ser biopsicossocial e que está intimamente interligo com várias áreas seja a nível cognitivo ou sociocultural. Sem sombra de dúvidas a intervenção precoce é o melhor caminho. Hoje houve muito evolução com relação ao autismo e a forma de lhe dar com este transtorno, temos sempre que ter a consciência que uma criança com autismo não é um ser que precisa ser consertado, muito pelo contrário temos que olhar para essa pessoa como um ser maravilhoso e único que tem suas potencialidades e terá um caminho a ser percorrido em busca de sua autonomia e qualidade de vida.

É possível sim ter desenvolvimento de uma criança com autismo e você vai vibrar com cada evolução, trazendo cada vez mais fatores motivacionais mesmo que sejam pequenas conquistas ou grandes, comemore bastante as vitórias ao longo do processo. Então se você conhece alguém ou está passando por toda essa dinâmica correlacionado ao (TEA) transtorno do espectro autista procure um profissional da psicologia de sua confiança e comece de imediato. Quanto mais cedo começar o tratamento maiores serão os ganhos. Espero que este texto tenha a nortear este momento que não é fácil para nenhuma família. Mais pode ter certeza com tratamento precoce essa criança surpreenderá com sua evolução. Estamos à disposição no que for preciso sempre.

Gostaria de enaltecer na elaboração e produção deste artigo a parceria com as psicólogas: Juliane Ferreira e Priscila Batista, grandes profissionais a quem tenho grande estima. Por hora ficamos por aqui com o compromisso de fazer um segundo artigo bem mais amplo. Há lembrando que dia 02 de abril é o dia mundial de conscientização do autismo não esqueçam.

Márcio Santos – psicólogo Clínico: Agende sua consulta (81) 99507-2250

 

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